domingo, 30 de agosto de 2009

Sarney e Lobão foram os ‘padrinhos’ de Eros Grau em sua indicação ao Supremo

POR OSWALDO VIVIANI
No final de junho de 2004, o então presidente do Senado, José Sarney, esteve na cerimônia de posse do advogado Eros Roberto Grau no cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O senador Edison Lobão (PMDB), atual ministro de Minas e Energia, indicado por Sarney, era presidente da Comissão de Constituição e Justiça que fez de Eros Grau ministro do STF.

A reunião que formalizou a indicação de Grau aconteceu no dia 25 de maio de 2004. Ele foi indicado por unanimidade - 20 votos a favor - para ocupar a vaga do ex-presidente daquela Corte, Maurício Corrêa, que se aposentou compulsoriamente por ter completado 70 anos.

Estiveram presentes na solenidade de posse de Eros Grau, além de Sarney, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o então presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, e inúmeras outras autoridades, entre elas o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu.

Em maio passado, o ministro Eros Grau renunciou à sua vaga no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um mês depois de relatar o processo de cassação do governador Jackson Lago (PDT), adversário político do grupo Sarney, integrado por Edison Lobão. Grau deu voto a favor da cassação de Lago, que deixou o governo em abril. Assumiu o posto a segunda colocada no pleito de 2006, Roseana Sarney (PMDB), filha de José Sarney.

As relações de Eros Grau com o sarneysismo passam ainda por sua pretensão de entrar para a Academia Brasileira de Letras, pelas mãos de José Sarney, que tem grande influência na Casa de Machado de Assis.

Sobre o assunto, a revista CartaCapital, uma das mais conceituadas do país, divulgou este ano, na coluna “Rosa dos Ventos” a seguinte nota, sob o título “A um passo da imortalidade”:

“O ministro Eros Grau, do STF, anda atrás da imortalidade. Ele tem freqüentado a Academia Brasileira de Letras, onde o ex-presidente José Sarney é eleitor e uma voz muito influente. Como perguntar não ofende, aqui vai a pergunta: ao votar no Tribunal Superior Eleitoral pelo impedimento do governador do Maranhão, Jackson Lago, e com isso beneficiar Roseana Sarney, Grau não estava metido em um conflito de interesses?”

O ministro Eros Grau também foi o relator do processo de cassação do governador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB). Ele se manifestou pela cassação e negou-se a acatar qualquer recurso interposto pela defesa do governador. Cunha Lima foi cassado em fevereiro passado. Em seu lugar, o TSE mandou assumir o segundo colocado nas eleições, José Maranhão (PMDB), ligado a José Sarney.

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